sábado, 22 de março de 2014

Desculpa! (e novidades...)

Companheiros de caminhada, temos estado um pouco distantes, sabemos disso e sentimos muito mesmo!
Gostaríamos de pedir desculpa pela ausência aqui no blog e no Facebook nas últimas semanas, infelizmente o tempo não tem sido muito nosso amigo!

Mas também gostaríamos de dizer que todos os dias estamos maquinando as novidades do projeto!
Uma delas é a nossa primeira exposição física que está sendo organizada! Por enquanto não podemos dar maiores informações, mas preparem-se, pois logo divulgaremos detalhes!

Por enquanto, uma foto inédita para relembrar cada ensaio publicado e botar um fogo nessa exposição!

Ensaios

Participantes do ensaio: Carol e André
Local: Santo André (SP)
Data: Dezembro de 2013


Participantes: Allison e Mariana
Local: Trindade - Paraty (RJ)
Data: Dezembro de 2013


Participantes: Douglas, Douglas, Victor, Carol, Juliana e André
Local: Santo André (SP)
Data: Janeiro de 2014



Participante: Gleice
Local: Santo André (SP)
Data: Março de 2014



Essas não são as melhores! São só para vocês conhecerem um pouco mais dos ensaios!
Abraços pelados a todos!


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Para mais informações ou participar do projeto e contar sua história com o próprio corpo, envie um e-mail para mascarasdespidas@gmail.com, informando seu nome completo, idade e localização.
Nudifique!

(Fe)mininas - Meninas de Ferro (por Jessica Toniatti da Silva)



Douglas, Juliana e André por Máscaras Despidas - Nudifique!

Santo André- Jan 2014

Estar no projeto nos faz observar construções sociais na prática.
As bases morais da nossa sociedade encontram-se nos costumes cristãos europeus da Idade das Trevas. As mulheres, ainda hoje, são divididas entre as "de casa" (as "de família") e as "da rua".
Presenciamos atitudes machistas e moralistas em relação ao corpo da mulher e o controle do mesmo. Observamos o quanto a mulher ainda é considerada propriedade do homem: ora do pai, ora do namorado, marido, homem possuidor.
Num primeiro momento fiquei surpreendida com a disparidade entre pessoas do sexo feminino e masculino que enviam e-mail para participar do projeto. São muito mais pessoas do sexo feminino. O motivo de minha surpresa foi pensar que o fato de a mulher sofrer uma opressão muito maior não somente em relação a mostrar o corpo, mas padronizá-lo a formas e manequins utópicos, restringiria a participação destas em um projeto de exposição corporal. No entanto, com uma leitura um pouco mais profunda do tema, percebemos o outro lado.

A todos os momentos somos reprimidas. Reprimem nossa risada, nossos desejos sexuais, nossas vontades, nosso cabelo, nossas barrigas, nossos pelos, nossas bundas naturalmente cheias de celulites, estrias, varizes. 
Reprimem nossas histórias quando valorizam peles lisas e sem marcas ou rugas, mesmo que para isso precisemos usar máscaras como as maquiagens e os cremes milagrosos. Reprimem nossa naturalidade quando nos fazem pensar que é aceitável  e extremamente necessário que arranquemos todos os pelos do corpo com puxões e cera quente, o que causa considerável dor. Reprimem nossa angústia e medo de uma agressão, um assalto, um estupro na rua. Fazem isso com a maior das naturalidades, questionando o porque de uma delegacia somente para a mulher ou existir uma Lei Maria da Penha e não uma João da Penha.

Douglas, Victor, Douglas, André e Juliana por Máscaras Despidas - Nudifique!
Santo André- Jan 2014
As repressões iniciam na infância: primeiro aprendemos que mulheres femininas são as melhores e nos convencem de que vestidos são a própria feminilidade. É só colocar um vestido e os pais vibram. Depois nos ensinam que não podemos sentar de pernas abertas e lá estamos nós, querendo conquistar olhares com os saiotes e não podendo participar de algumas brincadeiras porque estamos de vestido. Mal sabemos nós que mais pra frente vão culpar nossa escolha desta vestimenta pelos abusos diários.
Na escola, durante a adolescência, sempre tinha a menina que ficava com todo mundo. Vaca, corrimão, fácil, vadia. Eu também repetia com o fervor de uma fanática crente em uma cultura única que desceu pela guela: esse menina não vale nada! Essa é a fase na qual aprendemos que mesmo querendo, não podemos ir atrás. Ele tem que ligar, xavecar, fazer o papel principal. E nós devemos "nos fazer de difíceis", pra ele lutar antes de conseguir algo. Só assim seríamos valorizadas: reprimindo desejos de antemão.
Aí depois vem o trabalho: as piadinhas machistas. Não importa quantas páginas tem seu currículo, basta ocupar um cargo importante numa empresa, sobretudo os que geralmente são ocupados por pessoas do sexo masculino como engenheira elétrica, cientista da computação, analista de sistemas. Basta estar lá para começarem a mencionar sobre seu caso com o chefe. Se ainda não tem, um dia vai ter.

Enfim, somos reprimidas o tempo inteiro, em cada canto de nossos dias. Penso que esse grande contingente de pessoas do sexo feminino que vêm querendo participar do projeto está relacionado à única oportunidade que estas têm de mostrar seus corpos sem medo. Somos artistas, mostramos nossa arte, mas lamento que o corpo, sobretudo feminino, só seja bem visto se for com nome de arte. O corpo por si é uma obra de arte: cada curva e perfeito funcionamento de tudo. Isso é arte natural, não deveria ser reprimida ou mal vista. Assim como o corpo do homem, é claro, que é tão belo quanto!

Talvez por isso elas nos procurem mais! E queremos muito mais! Queremos as gordinhas, as vesgas, as enrugadas, as magrelas, as pançudas, as peludas. Nosso alvo são as que dão gargalhadas, choram, têm inseguranças. Queremos mulheres reais, que acordam com bafo e têm espinhas! Queremos aquelas que buscam amar-se num ato de resistência a essa maluquice toda!

Juliana e André por Máscaras Despidas - Nudifique!
Santo André - Jan 2014
Parabéns a todos pelo grande ato de resistência e coragem ao despir-se e entregar-se! Sobretudo às mulheres!

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Para maiores informações ou participar do projeto e contar sua história com o próprio corpo, envie um e-mail para mascarasdespidas@gmail.com, informando seu nome completo, idade e localização.
Nudifique!